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Cry Baby Cry - Um Tríptico Cênico 

Cry Baby Cry foi concebido em três partes que se articulam em vários níveis. Partindo da noção de tríptico nas artes plásticas, propõe-se nesse caso uma ressignificação do termo. Ou seja, ao invés de estarmos diante de três imagens relacionadas a partir de um tema, em Cry a relação entre as suas partes vai além da reflexão sobre o conteúdo central do trabalho – o infantilismo na sociedade brasileira – para construir uma outra camada que envolve o jogo entre três linguagens cênicas específicas: a intervenção urbana; a performance em espaços públicos e o teatro de rua.

A escolha por essas três linguagens não foi casual. A definição de tais linguagens emergiu da necessidade de materializar aspectos importantes do infantilismo, tais como o cancelamento da alteridade, a projeção da própria subjetividade sobre o mundo e o processo de manufatura de representacões. Essas linguagens funcionam assim como modos expressivos que viabilizam a manifestação desses aspectos como materiais cênicos, como ações que deslocam o público da função de observadores para aquela de participantes da obra.

As linguagens referidas são exploradas em três partes que acontecem em três períodos de um mesmo dia. Na parte da manhã o trabalho tem início com a intervenção chamada “Bolhas Urbanas”; na parte da tarde acontece a performance “Sititurs” e no início da noite é apresentado o espetáculo “Só depois do Carnaval”. Várias dinâmicas relacionais são propostas nessas partes. Enquanto em “Bolhas Urbanas” uma dinâmica é proposta através de intervenções individualizadas, feitas pelos três performers para uma pessoa por vez, em “Sititurs” dez participantes pré-selecionados percorrem em aproximadamente uma hora três trajetórias diferentes feitas em um mesmo espaço público; por fim “Só depois do Carnaval” é aberto ao público em geral. No intervalo entre essas partes são propostos alguns dispositivos performativos que funcionam como ‘dobras’ de nosso tríptico.

Dando continuidade às investigações artísticas já feitas no PERFORMA Teatro buscamos com “Cry” instaurar processos que visam criar ao mesmo tempo um espaço de reflexão e de experiência sensível, de pesquisa de linguagem e de ampliação perceptiva.

Texto Programa

I – Como seria ter uma conversa privada em meio ao caos urbano? Uma conversa a dois. Como se estivéssemos em uma bolha transparente que ameniza os sons da cidade mas não impede a percepção de suas imagens. Um silêncio assim se instaura. Uma “Bolha Urbana”.

II – E se deixar guiar em um espaço público buscando ver, sentir e ouvir aquilo que não se mostra de cara? Três guias, três trajetos, três olhares que se cruzam. Um “Sititur” a três vozes.

III – De que forma ser público de um espetáculo que nega a si mesmo e interrompe a própria narrativa em favor da experiência? Talvez em nosso país isso possa acontecer “Só depois do Carnaval”.

Tendo como eixo central desse trabalho o infantilismo em suas diversas manifestações, propõe-se aqui um tríptico cênico: três ações que revelam, ao mesmo tempo, a própria autonomia e uma profunda interrelação. O espetáculo estreou no Festival Internacional de Teatro de Rua de Porto Alegre.

Ficha Técnica

Concepção: Matteo Bonfitto e Graziela Mantoanelli

Performers: Gisela Dória, Jucca Rodrigues, Matteo Bonfitto

Adereços e Figurinos: Helô Cardoso Ribas

Costureira: Dona Saúde

Engenheiro de Som: Roberto Torminn

Consultoria Carnaval: Yaskara Manzini e Adriana Gomes

Trilha: PERFORMA

Direção: Graziela Mantoanelli

Visualize e/ou Baixe o arquivo com o Clipping de Cry Baby Cry

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